Irregularidades FCT2013

Irregularidades e Ilegitimidades apontadas pelos candidatos ao concurso Investigador FCT 2013

Actualizado a 24 de Dezembro de 2013

O concurso Investigador FCT 2013 está viciado por várias irregularidades que, em grande medida, decorrem do carácter vago e ambíguo da alínea n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento de Recrutamento e Contratação de Investigadores FCT (Regulamento n.º 239/2013 de 2 de Julho). Com efeito, esse articulado afirma que “caso se adote uma única fase de avaliação a sua responsabilidade cabe, em exclusivo, ao painel de avaliação, referido no artigo 9.º (…), sendo aplicável o regime previsto para a primeira fase da avaliação, com as devidas adaptações”. Ao não serem devidamente explicitadas, estas “adaptações” prestam-se a todo o tipo de arbitrariedades e de manipulações que escapam ao escrutínio por parte dos candidatos. O facto de, neste concurso, a FCT ter optado explicitamente por uma única fase de avaliação (Ponto 7.4 do Aviso de Abertura do concurso), e ter publicado um Guião de Avaliação com procedimentos que na prática contrariam o disposto no Aviso de Abertura, abriu a porta a procedimentos que não se pautaram pela clareza e que, de facto, podem ter minado a necessária equidade no tratamento dos candidatos. As várias irregularidades detectadas desde a divulgação dos resultados no passado dia 26 de Novembro de 2013 são referidas em seguida:
1. Prazos. O concurso Investigador FCT 2013 foi aberto no final de Julho de 2013, mais de seis meses depois do que vinha sendo anunciado, e com o prazo de submissão a terminar a 10 de Setembro de 2013, dando pouco mais do que um mês para a preparação das candidaturas. A avaliação decorreu entre 10 de Setembro e 26 de Novembro, data de inicio do anúncio dos resultados finais por email enviado aos candidatos. Ao todo, a avaliação decorreu apenas durante dois meses e meio, quando o prazo máximo previsto no regulamento para a comunicação dos resultados é de seis meses. Relembre-se que no concurso de 2012, onde o número de candidatos foi significativamente mais baixo (menos um terço dos candidatos), o período de avaliação demorou sete meses. Houve, portanto, um período excessivamente breve no concurso de 2013, que poderá não ter permitido uma ponderação e avaliação das candidaturas de forma cuidada e justa.
2. Elegibilidade das candidaturas. A lista das candidaturas admitidas e excluídas neste concurso não foi publicada no portal da FCT, continuando assim por cumprir o nº 2 do artigo 7º do Regulamento. Esta publicação deveria ter ocorrido antes do final da fase de avaliação pelos painéis, de modo a que os candidatos excluídos pudessem contestar essa decisão, como era seu direito. A lista entretanto publicada pela FCT com todos os candidatos e respectivas avaliações indicia que todos os candidatos foram admitidos a concurso. No entanto, como se verificam agora situações em que alguns candidatos nessa lista não obedeciam de facto às condições de elegibilidade (ver ponto 7.), surgem suspeitas de que a FCT não procedeu à avaliação da elegibilidade dos candidatos, enviando todas as candidaturas para avaliação, o que constituiria uma violação do regulamento do concurso, e um desperdício de recursos dado que as avaliações foram pagas.
3. Avaliadores externos. Contrariamente ao rigor normativo com que o Regulamento e o Aviso de Abertura definiam os procedimentos a adoptar na avaliação dos candidatos neste concurso, no dia 3 de Dezembro (cerca de 6-7 dias após a divulgação dos resultados finais) a FCT publicou um esclarecimento na sua página internet em que referia que, para “apoiar as decisões” do painel internacional de avaliação, “cada candidatura foi avaliada separadamente por, em regra, três avaliadores externos, dos quais dois são estrangeiros e um português, todos de mérito científico reconhecido internacionalmente”. A nosso ver, estes factos constituem uma violação clara dos pontos 7.5 e 7.6 do Aviso de Abertura do concurso, dado que não só confirmaram a existência de avaliadores nacionais no processo de avaliação, como a lista de avaliadores publicada pela FCT apenas menciona os membros do painel responsável pela avaliação final das candidaturas, não tendo sido publicada até ao momento a lista dos “avaliadores externos” que tiveram de facto um papel crucial na avaliação. O facto de a FCT acrescentar, nesse esclarecimento, que “este procedimento é semelhante a outros concursos lançados recentemente pela FCT, como o concurso de Projetos Exploratórios de IC&DT em todos os Domínios Científicos – 2013” não nos deixa mais tranquilos sobre o que isto revela em matéria de obscuridade processual. Pelo contrário, mostra que a falta de transparência tem sido a tónica dominante nos concursos promovidos por esta instituição do Estado Português.
O desconhecimento da identidade dos “avaliadores externos”, sobretudo os de origem portuguesa, está a dar azo a rumores muito preocupantes, segundo os quais alguns candidatos terão sido avaliados por membros das suas próprias unidades de investigação e, pior ainda, que vários candidatos terão sido convidados a avaliar, eles próprios, outras candidaturas submetidas. A ser verdade, tudo isto configura flagrantes conflitos de interesses. A comunidade científica portuguesa corresponde a um meio pequeno onde facilmente se criam redes de cumplicidade e de influência, acompanhadas por rivalidades que são também fruto da escassez na oferta de emprego científico e de oportunidades de carreira de investigador ou académica. Este cenário exige assim, de modo ainda mais premente, a publicação pela FCT da lista de “avaliadores externos” responsáveis pela avaliação de candidaturas neste concurso, sob pena de continuarem a pesar fundadas suspeitas sobre o concurso Investigador FCT 2013.
4. Painéis de avaliação. O Aviso de Abertura do concurso estipula que os painéis de avaliação são “constituídos exclusivamente por peritos internacionais de reconhecido mérito”. No entanto, o número restrito de peritos e as suas especialidades são insuficientes para uma avaliação séria e com nível íntegro de equidade para todas as propostas submetidas. Informações de fonte fidedigna de um dos painéis indicam que um problema que surgiu frequentemente durante a avaliação foi a incapacidade de avaliar os projectos de investigação em certas áreas, pelo que o painel acabou por se focar essencialmente nos currículos dos candidatos. Este procedimento é inaceitável e demonstra, mais uma vez, falta de respeito pelos candidatos que tiveram de elaborar um projecto científico/tecnológico de 5 anos de duração. Não se sabe no entanto se esta prática foi também seguida nos outros painéis de avaliação, e daí a possível emergência de mais uma desigualdade no processo de avaliação das candidaturas.
Por outro lado, a analise da composição dos painéis internacionais de avaliação revela que alguns dos membros estão aposentados, podendo não estar actualizados nas suas próprias áreas de investigação. Num dos painéis, já de si com representatividade científica limitada e insuficiente para cobrir todas as áreas científicas dos candidatos, verificou-se ainda o caso de um dos membros que não participou na reunião de avaliação por motivo de doença. Como resultado, o processo de avaliação não nos parece conter parâmetros justos e favoráveis a uma avaliação correcta e cientificamente rigorosa de todas as candidaturas submetidas ao concurso Investigador FCT 2013.
5. Avaliação em duas fases. Ao contrário do que a FCT continua a afirmar, inclusive no esclarecimento publicado no dia 3 de Dezembro, a avaliação do concurso decorreu de facto em duas fases. Todas as candidaturas foram avaliadas numa primeira fase por “avaliadores externos”. Apenas as candidaturas que obtiveram uma média destas avaliações superior a 7 valores foram depois avaliadas pelo painel internacional. Este facto, além de ser óbvio na leitura de vários relatórios de avaliação que entretanto foram tornados públicos por muitos candidatos no site internet da Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego Científico em Portugal, foi-nos confirmado por membros de um dos painéis internacionais, que referiram apenas a ter tido acesso e discutido o financiamento das candidaturas que tinham obtido uma classificação superior a determinado valor na primeira fase de avaliação. Foram assim violados os números 7.4, 7.5 e 7.6 do Aviso de Abertura do concurso, que garantiam que a avaliação seria feita numa única fase, pelos membros de um painel internacional cujos nomes seriam publicados no site internet da FCT.
6. Comunicação de resultados. Consideramos grave e revelador de falta de respeito pelos candidatos a forma precipitada e gravemente omissa com que a FCT comunicou os resultados no dia 26 de Novembro. Os candidatos foram informados sobre a sua admissibilidade ao concurso na manhã do dia 26 de Novembro. Na tarde desse mesmo dia, a FCT começou a informar os candidatos sobre o financiamento ou exclusão das suas candidaturas, mas só disponibilizou os relatórios de avaliação das candidaturas duas semanas mais tarde. Consideramos este atraso, que foi justificado pela FCT como sendo devido a “problemas informáticos”, inaceitável, e mostra uma inépcia dos serviços deste organismo que é incompatível com a missão que lhe está cometida.
A lista de candidaturas financiadas inicialmente publicada no dia 10 de Dezembro continha 204 nomes. No entanto, uns dias mais tarde, esta lista foi aumentada para 210 nomes sem que para isso tenha sido fornecida qualquer justificação. A FCT indicou entretanto que este acerto se deveu a um erro na introdução das classificações por parte de um dos painéis de avaliação.
7. Critérios de elegibilidade não cumpridos. Os critérios de elegibilidade dos candidatos a Investigador FCT 2013 não foram cumpridos em vários casos. Verificam-se também situações menos claras que, de um ponto de vista ético e moral, levantam sérias questões quanto à decisão de financiamento de certas candidaturas:
a. Vários professores do ensino superior com contratos a termo indeterminado viram as suas candidaturas financiadas neste concurso, ao arrepio do ponto 4.4 do aviso de abertura, que dizia claramente que estes não eram elegíveis. Numa altura em que tantos investigadores previamente financiados pelo programa Ciência por 5 anos, se veem agora, no final do período das suas bolsas, sem alternativas para poderem continuar o seu trabalho, consideramos inadmissível que se tenham financiado candidaturas a pessoas que tinham já contratos a tempo indeterminado.
b. Verificam-se situações de candidatos aprovados que não cumpriam o requisito de terem o doutoramento concluído há mais de três anos (Ponto 4.1.a do Aviso de Abertura).
c. Um Professor Universitário, que terminou o seu doutoramento em 1974 e presidiu a um dos painéis internacionais de avaliação no concurso Investigador FCT 2012, foi candidato no presente concurso e viu a sua candidatura financiada. Consideramos que situações como esta em que se permite a um Professor Universitário em final de carreira concorrer com investigadores em situações precárias, em muitos casos dramáticas, constituem no mínimo uma falta de respeito a toda a comunidade científica em Portugal.
d. Dado o reduzido número de candidaturas financiadas, os critérios de elegibilidade deste tipo de concursos não deveriam permitir a candidatura de investigadores em início de projectos semelhantes. Verificam-se casos de investigadores que viram as suas candidaturas financiadas no concurso Investigador FCT 2012 e apenas uns meses depois de iniciarem os seus projectos obtém agora um novo contrato num nível superior, que para ser efectivo, cancela o anterior. Assim, na prática, candidatos que tinham previamente assegurado financiamento por 4-5 anos, são de novo escolhidos em detrimento de outros que estariam em situações de maior precariedade.
A FCT indicou na reunião de 17 de Dezembro que as situações de inelegibilidade iriam ser verificadas. O facto de a elegibilidade dos candidatos apenas ser verificada agora, no final de todo o processo, e não logo depois do encerramento do período de candidaturas, é sintomático do modo como decorreu este concurso.
8. Assinatura de contratos entre a FCT e as instituições de acolhimento. A FCT procedeu à assinatura dos contratos com as instituições de acolhimento dos candidatos selecionados uma semana depois da divulgação dos resultados, numa altura em que os candidatos não tinham ainda conhecimento dos relatórios de avaliação das suas candidaturas, e não tinha decorrido ainda o prazo para a requisição do procedimento de audiência prévia. De uma forma atabalhoada, indiciadora do desconhecimento dos próprios regulamentos que criou, ou violando-os deliberadamente, a FCT procedia ao encerramento do processo concursal, de acordo com o disposto no artigo 17º do Regulamento, que diz que “o procedimento concursal cessa com a celebração do contrato-programa entre a FCT, I. P., e a instituição de acolhimento”.
9. Relatórios de avaliação. Uma análise dos relatórios de avaliação de muitos candidatos que foram entretanto tornados públicos no site internet da plataforma, mostra a disparidade de critérios de avaliação, e várias situações estranhas que passamos a enumerar:
a. Muitas candidaturas tiveram apenas dois avaliadores externos, enquanto outras tiveram quatro, tendo a maioria tido três. A variação arbitrária observada no número de avaliadores de cada candidatura cria obviamente situações de desigualdade na sua avaliação.
b. Os relatórios de avaliação a que os candidatos tiveram acesso variam enormemente na sua forma, extensão e conteúdo. Enquanto nalguns casos é feita uma análise mais ou menos detalhada da candidatura e é dada uma justificação da classificação atribuída, noutros casos o relatório de avaliação contém apenas um texto genérico, curto, sem qualquer detalhe relativamente às classificações dos avaliadores, nomeadamente a nível científico, que poderia ser de facto aplicado a qualquer candidatura, de qualquer área científica.
c. Em vários casos, os avaliadores demonstram desconhecer as regras do concurso. Por exemplo, numa das avaliações disponibilizadas um avaliador diz que o projecto proposto é demasiado extenso para ser completado no prazo de 3 anos, quando a duração dos projectos Investigador FCT é de 5 anos. Noutro caso, uma candidata foi induzida em erro, ao ser informada pela FCT que, tendo concluído o doutoramento há 8 anos e 4 meses, poderia concorrer ao nível Starting Grant. No dia 26 de Novembro de manhã recebeu o email da FCT a informá-la de que a sua candidatura tinha sido considerada não elegível para uma Starting Grant por ter concluído o doutoramento há 8 anos e 4 meses. Não obstante, no dia 6 de Dezembro recebeu a sua avaliação, em que a média das notas atribuídas pelo painel internacional era 7, mas com classificação final de 6. Este é mais um caso que suscita sérias dúvidas acerca da seriedade com que este concurso decorreu.
d. Em numerosos casos, os avaliadores demonstram nos seus relatórios não serem competentes para avaliar certas candidaturas que estão fora da sua área científica. Por exemplo, há casos em que os avaliadores sugerem metodologias que não se aplicam de todo à área científica da candidatura, ou em que o texto de avaliação disponibilizado pelo avaliador demonstra um total desconhecimento da área do projecto e uma total incompreensão do que o candidato propunha. Noutros casos, os avaliadores limitaram-se a relatar ou mesmo copiar o resumo escrito pelo candidato sem qualquer sentido crítico.
e. Verificam-se numerosos casos em que as classificações dadas pelos “avaliadores externos” apresentam grande disparidade. Como exemplos desta situação, relatamos os casos de dois candidatos: um obteve dos avaliadores externos as notas de 7.8, 7.6 e 4.1, e outro, 7.5, 1.5 e 2. É para nós óbvio que houve nestes casos um problema nas avaliações. A FCT indicou na reunião de dia 17 de Dezembro com a Comissão representativa da Plataforma, que apenas os candidatos que tinham obtido uma classificação média acima de 6.5 dada pelos avaliadores externos, ou os candidatos cujas avaliações diferiam mais de dois valores entre si, foram avaliados pelo Painel Internacional.
O número reduzido de  candidaturas (369) financiadas nos dois concursos Investigador FCT (2012 e 2013) conduzem a uma situação de precariedade e de frustração das expectativas criadas pelo programa Ciência, ignorando o contributo significativo que este último trouxe ao desenvolvimento da investigação científica em Portugal. O reduzido número de candidaturas financiadas no último concurso (210) face ao elevado número de concorrentes (1487) terá levado a que numerosos projectos de alta qualidade não tivessem sido financiados. O resultado será não só o desemprego maciço entre os investigadores em Portugal, que começam a não ter outra alternativa senão emigrar ou voltar para o seu País de origem, mas também a uma dramática perda em termos do salto qualitativo que o País poderia estar a empreender. O regresso de muitos investigadores que saíram do País para os seus estudos de doutoramento ou para realizar pós-doutoramentos financiados pelo Estado Português fica assim também comprometido, ou seja, foi feito um investimento sem retorno.
Juntamente com a anunciada redução do número de bolsas a atribuir para doutoramento e pós-doutoramento no concurso a decorrer actualmente, a situação precária de numerosos investigadores constitui um dos problemas maiores que hoje se abatem sobre o futuro da produção científica no nosso País. Em grande medida esta situação é indissociável da estratégia de obscuridade e de injustiça que afectou o concurso Investigador FCT 2013.

Documento preparado pela Comissão Representativa da Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego Científico em Portugal
Contacto: emprego.cientifico@gmail.com
Actualizado a 24 de Dezembro de 2013

8 comentários:

  1. Caros colegas,
    Não me vou identificar por um motivo simples. Fui seleccionada para financiamento e já recebi duas mensagens a sugerir que sou corrupta, que quem me avaliou é corrupto e não estou para me sujeitar a ser desonrada, quando tudo o que fiz foi apresentar uma candidatura.
    Este argumentário que tem vindo a ser desenvolvido rasa o inaceitável, porque mistura dois planos numa lógica argumentativa que em nada contribui para a dignidade dos investigadores.
    Por um lado, contesta-se a baixíssima selecção que houve neste concurso e os problemas associados ao emprego científico, dos quais ninguém razoável pode discordar.
    Por outro lado, levanta-se uma nuvem de dúvidas em torno do concurso, sugerindo-se que houve corrupção, pondo em causa a seriedade de toda a classe científica que interveio no processo. Divide-se para se reinar na esperança de que os que ganharam percam e os que perderam tenham uma nova oportunidade de vir a ganhar.
    Permitam-me comentar ponto por ponto:
    1. A selecção foi feita pelo painel internacional e não pelos reviewers, conforme estava no guião de avaliação disponível quando nos candidatámos. O procedimento é igual a todos os processos de avaliação com peer review.
    2. Lançam-se suspeições graves sobre toda a comunidade científica nacional, sugerindo-se que se move por violações de conflitos de interesses e por rivalidades. A comissão quer trabalhar numa comunidade científica que não é séria. Quando nos candidatámos a bolsas de postdoc e doc, tínhamos painéis apenas nacionais mas não houve problema porque fomos seleccionados.
    3. A má avaliação é matéria de impugnação. O que se defende aqui é absurdo. Para cada um dos nosso tópicos, é preciso haver três peritos internacionais? Então se eu trabalho sobre um gene específico, tenho de ter três que conheçam a fundo a matéria ou espero ter reviewers com conhecimento da área? Se sentir que fui mal avaliada tenho oportunidade de fundamentar a má avaliação.
    4. Eu fiquei contente por tudo ter sido breve. Este ponto simplesmente usa a rapidez do processo para novamente levantar suspeições.
    5. Este ponto está em contradição com tudo o resto. Como pode a FCT divulgar a lista dos não admitidos se ainda está a decorrer a audiência prévia?
    6. Fazer contrato com os que foram seleccionados não significa excluir definitivamente os outros. Eu ainda não tenho o meu contrato feito com o meu Instituto.
    7. De acordo.
    8. Este comentário é simplesmente xenófobo.
    9. O facto das notas finais não serem a média dos reviewers contradiz este ponto.
    10. Conheço um caso no meu instituto que foi explicado como tendo sido um erro na formação da lista. Estava no contrato, mas não na lista. De novo simplesmente levantam suspeitas.
    11. Contestem as más avaliações, mas não contra os que fomos seleccionados.

    Está em curso a maior quebra de solidariedade entre investigadores. O problema do emprego científico é grave e sério e a batalha não será ganha num mundo de suspeição em que se aponta o fogo aos que ganhámos os lugares. É vergonhoso o que está a ser feito. O concurso deve ser questionado nos aspectos menos bons, mas a suspeição como argumento é lesivo para todos.

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    1. Creio que ninguém está contra os que ganharam, por terem ganho as posições. Mas Portugal é um país pequeno e todos acabamos por nos conhecer. Não deixa de ser um facto que muitos dos que não ganharam posições apresentam muito melhores CVs do que outros que foram financiados, dando ideia da alguma aleatoriedade e leviandade de muitas das avaliações (não querendo com isso dizer que os candidatos selecionados tivessem qualquer papel na avaliação). Basicamente, para muitos, terá sido uma questão de sorte...

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    2. Cara colega, muito obrigada pelo seu comentário. subscrevo a sua posição geral e reforço a preocupação que expressa face ao futuro da ciência em Portugal. Não iremos longe se continuarmos a insistir numa direcção que mais não faz do que colocar investigadores contra investigadores.

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  2. Quero apenas (e pelo menos para já) comentar isto: "2. Lançam-se suspeições graves sobre toda a comunidade científica nacional, sugerindo-se que se move por violações de conflitos de interesses e por rivalidades. A comissão quer trabalhar numa comunidade científica que não é séria. Quando nos candidatámos a bolsas de postdoc e doc, tínhamos painéis apenas nacionais mas não houve problema porque fomos seleccionados." -- Isto é um "não argumento". A lei diz que temos direito a saber quem são os avaliadores. Se não nos são fornecido, é um incumprimento da Lei. Logo, poderá haver motivo a impugnação do concurso. Parece-me bastante simples.

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  3. O processo não está a decorrer da melhor forma desde sempre. A saber:
    - o estado investiu nos ciência 2007/2008 e nunca avaliou o trabalho dos mesmos, isto é, deveria ter questionado as instituições para saber se queriam manter esses ciência: houve instituições que ficaram com laboratórios sem ninguém..porque foram os ciência que os criaram e estavam a desenvolver trabalho
    - quer isto dizer que, além de se abrir as portas a novos cientistas, a FCT deveria ter preservado certos lugares, até porque houve investimento do estado nesses ciência
    - esses ciência não fizeram só artigos ISI: criaram equipas, deram aulas, dirigiram centros..
    - o concurso 2012 foi flagrante: permitiram que 80 vagas passassem de repente para 160...não é sério abrir um concurso para 80 e de repente..
    - esse concurso também permitiu que pessoas com posição permanente concorressem ( e ganhassem) poupando dinheiro às instituições..não resolveu o problema científico..entre outras irregularidades
    - este concurso está a dar que falar pelas piores razões: basta dizer que não se teve acesso imediato aos resultados..e outras razões.

    Quando esta fundação fala de excelência e obriga os investigadores a estarem "mergulhados" em plataformas de avaliação de unidades, de infraestruturas, de projectos Pest..etc...desde pelo menos Maio de 2013 (este ano, para não falar nos outros anos), não podemos ser excelentes, porque não estamos a investigar...isto passa-se em muitos centros, em que é necessário que todos os membros colaborem nas tarefas burocráticas que a FCT tem exigido.

    A ciência não só são ISI! Há todo um trabalho que tem que ser feito e que não pode ser apenas contabilizado por ISI. Há áreas do saber que têm ritmos de publicação e públicos próprios: Não há áreas do saber preferenciais: todos os saberes importam! Esta FCT não tem estes e outros aspectos em conta! Haveria muito a dizer, mas fico-me por aqui!
    A Ciência é de todos e.. claro está, dos contribuintes! Esta FCT, iludida pela excelência (mas depois não consegue ter uma plataforma da avaliação de unidades com um botão para "validar" e "lacrar" a tempo e horas, isto é, não fez um excelente trabalho) tem-se esquecido de muitos aspectos fundamentais!

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  4. Gostaria de chamar a atenção para o seguinte, justamente porque Ciência não é só ISI.

    No Guião de Avaliação os critérios ponderam em 50% o CV, constituído por 7 subcritérios, em que apenas o primeiro é relativo às publicações; o Projecto e Plano de Carreira também são pontuados (35% e 15% respectivamente).

    Esta grelha de avaliação, porventura escolhida por ser considerada mais justa, terá gerado a pontuação dada por cada avaliador externo a cada candidatura, e os colegas que detectam lacunas têm toda a legitimidade para reclamar.

    Depois, na fase final temos um "overall rating" dum painel de avaliação que se sobrepõe à pontuação média dos avaliadores externos, mas quais os critérios numéricos que validam esta decisão? No meu entender não poderão ser diferentes dos publicados no Guião de Avaliação e julgo que devemos conhecê-los, de outro modo haverá realmente subjectividade na recomendação/recusa da candidatura para financiamento.

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  5. Eu gostaria de saber se os colegas que conseguiram os lugares tiveram acesso às suas avaliações e que tivessem a coragem de as colocar, tal como eu o fiz aqui na plataforma!
    Se assim o fizerem acabam por esclarecer e deixar claro que não houve irregularidades. parece-me simples....
    Não compreendo porque é que eu fui avaliada por 4 avaliadores enquanto a maioria dos meus colegas é avaliada por três e alguns até por apenas dois. Mais, porque é que a média dos 4 avaliadores que é até na minha opinião justificada nada tem a ver com uma classificação final que não tem qualquer justificação?
    O painel internacional que supostamente me avaliou e que está disponível no site da FCT nõa tem um único especialista da minha área!
    Acham com isto que o concurso foi feito com a miora das legalidades, honestidade e respeito pelos investigadores?
    A mim não me parece e isto não é ter qualquer problema com quem ficou com os lugares chama-se cumprir a lei e ser justo!!!!

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