Irregularidades e Ilegitimidades apontadas pelos candidatos ao concurso Investigador FCT 2013
Actualizado a 24 de Dezembro de 2013
Actualizado a 24 de Dezembro de 2013
O concurso Investigador
FCT 2013 está viciado por várias irregularidades que, em grande medida,
decorrem do carácter vago e ambíguo da alínea n.º 3 do artigo 8.º do
Regulamento de Recrutamento e Contratação de Investigadores FCT (Regulamento
n.º 239/2013 de 2 de Julho). Com efeito, esse articulado afirma que “caso se
adote uma única fase de avaliação a sua responsabilidade cabe, em exclusivo, ao
painel de avaliação, referido no artigo 9.º (…), sendo aplicável o regime
previsto para a primeira fase da avaliação, com as devidas adaptações”. Ao não
serem devidamente explicitadas, estas “adaptações” prestam-se a todo o tipo de
arbitrariedades e de manipulações que escapam ao escrutínio por parte dos
candidatos. O facto de, neste concurso, a FCT ter optado explicitamente por uma
única fase de avaliação (Ponto 7.4 do Aviso de Abertura do concurso), e ter
publicado um Guião de Avaliação com procedimentos que na prática contrariam o
disposto no Aviso de Abertura, abriu a porta a procedimentos que não se
pautaram pela clareza e que, de facto, podem ter minado a necessária equidade
no tratamento dos candidatos. As várias irregularidades detectadas desde a
divulgação dos resultados no passado dia 26 de Novembro de 2013 são referidas
em seguida:
1. Prazos. O concurso Investigador FCT 2013 foi aberto no final de Julho de 2013,
mais de seis meses depois do que vinha sendo anunciado, e com o prazo de
submissão a terminar a 10 de Setembro de 2013, dando pouco mais do que um mês
para a preparação das candidaturas. A avaliação decorreu entre 10 de Setembro e
26 de Novembro, data de inicio do anúncio dos resultados finais por email
enviado aos candidatos. Ao todo, a avaliação decorreu apenas durante dois meses
e meio, quando o prazo máximo previsto no regulamento para a comunicação dos
resultados é de seis meses. Relembre-se que no concurso de 2012, onde o número
de candidatos foi significativamente mais baixo (menos um terço dos candidatos),
o período de avaliação demorou sete meses. Houve, portanto, um período
excessivamente breve no concurso de 2013, que poderá não ter permitido uma
ponderação e avaliação das candidaturas de forma cuidada e justa.
2. Elegibilidade das candidaturas. A lista das candidaturas admitidas e excluídas
neste concurso não foi publicada no portal da FCT, continuando assim por
cumprir o nº 2 do artigo 7º do Regulamento. Esta publicação deveria ter
ocorrido antes do final da fase de avaliação pelos painéis, de modo a que os
candidatos excluídos pudessem contestar essa decisão, como era seu direito. A
lista entretanto publicada pela FCT com todos os candidatos e respectivas
avaliações indicia que todos os candidatos foram admitidos a concurso. No
entanto, como se verificam agora situações em que alguns candidatos nessa lista
não obedeciam de facto às condições de elegibilidade (ver ponto 7.), surgem
suspeitas de que a FCT não procedeu à avaliação da elegibilidade dos
candidatos, enviando todas as candidaturas para avaliação, o que constituiria
uma violação do regulamento do concurso, e um desperdício de recursos dado que
as avaliações foram pagas.
3. Avaliadores externos. Contrariamente ao rigor normativo com que o
Regulamento e o Aviso de Abertura definiam os procedimentos a adoptar na
avaliação dos candidatos neste concurso, no dia 3 de Dezembro (cerca de 6-7
dias após a divulgação dos resultados finais) a FCT publicou um esclarecimento
na sua página internet em que referia que, para “apoiar as decisões” do painel
internacional de avaliação, “cada candidatura foi avaliada separadamente por,
em regra, três avaliadores externos, dos quais dois são estrangeiros e um
português, todos de mérito científico reconhecido internacionalmente”. A nosso
ver, estes factos constituem uma violação clara dos pontos 7.5 e 7.6 do Aviso
de Abertura do concurso, dado que não só confirmaram a existência de
avaliadores nacionais no processo de avaliação, como a lista de avaliadores
publicada pela FCT apenas menciona os membros do painel responsável pela
avaliação final das candidaturas, não tendo sido publicada até ao momento a
lista dos “avaliadores externos” que tiveram de facto um papel crucial na
avaliação. O facto de a FCT acrescentar, nesse esclarecimento, que “este
procedimento é semelhante a outros concursos lançados recentemente pela FCT,
como o concurso de Projetos Exploratórios de IC&DT em todos os Domínios
Científicos – 2013” não nos deixa mais tranquilos sobre o que isto revela em
matéria de obscuridade processual. Pelo contrário, mostra que a falta de
transparência tem sido a tónica dominante nos concursos promovidos por esta
instituição do Estado Português.
O desconhecimento da
identidade dos “avaliadores externos”, sobretudo os de origem portuguesa, está
a dar azo a rumores muito preocupantes, segundo os quais alguns candidatos
terão sido avaliados por membros das suas próprias unidades de investigação e,
pior ainda, que vários candidatos terão sido convidados a avaliar, eles
próprios, outras candidaturas submetidas. A ser verdade, tudo isto configura
flagrantes conflitos de interesses. A comunidade científica portuguesa
corresponde a um meio pequeno onde facilmente se criam redes de cumplicidade e
de influência, acompanhadas por rivalidades que são também fruto da escassez na
oferta de emprego científico e de oportunidades de carreira de investigador ou
académica. Este cenário exige assim, de modo ainda mais premente, a publicação
pela FCT da lista de “avaliadores externos” responsáveis pela avaliação de
candidaturas neste concurso, sob pena de continuarem a pesar fundadas suspeitas
sobre o concurso Investigador FCT 2013.
4. Painéis de avaliação. O Aviso de Abertura do concurso estipula que os
painéis de avaliação são “constituídos exclusivamente por peritos
internacionais de reconhecido mérito”. No entanto, o número restrito de peritos
e as suas especialidades são insuficientes para uma avaliação séria e com nível
íntegro de equidade para todas as propostas submetidas. Informações de fonte
fidedigna de um dos painéis indicam que um problema que surgiu frequentemente
durante a avaliação foi a incapacidade de avaliar os projectos de investigação
em certas áreas, pelo que o painel acabou por se focar essencialmente nos
currículos dos candidatos. Este procedimento é inaceitável e demonstra, mais
uma vez, falta de respeito pelos candidatos que tiveram de elaborar um projecto
científico/tecnológico de 5 anos de duração. Não se sabe no entanto se esta
prática foi também seguida nos outros painéis de avaliação, e daí a possível
emergência de mais uma desigualdade no processo de avaliação das candidaturas.
Por outro lado, a analise
da composição dos painéis internacionais de avaliação revela que alguns dos
membros estão aposentados, podendo não estar actualizados nas suas próprias
áreas de investigação. Num dos painéis, já de si com representatividade
científica limitada e insuficiente para cobrir todas as áreas científicas dos
candidatos, verificou-se ainda o caso de um dos membros que não participou na
reunião de avaliação por motivo de doença. Como resultado, o processo de
avaliação não nos parece conter parâmetros justos e favoráveis a uma avaliação
correcta e cientificamente rigorosa de todas as candidaturas submetidas ao
concurso Investigador FCT 2013.
5. Avaliação
em duas fases. Ao contrário do
que a FCT continua a afirmar, inclusive no esclarecimento publicado no dia 3 de
Dezembro, a avaliação do concurso decorreu de facto em duas fases. Todas as
candidaturas foram avaliadas numa primeira fase por “avaliadores externos”.
Apenas as candidaturas que obtiveram uma média destas avaliações superior a 7
valores foram depois avaliadas pelo painel internacional. Este facto, além de
ser óbvio na leitura de vários relatórios de avaliação que entretanto foram
tornados públicos por muitos candidatos no site internet da Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego Científico em
Portugal, foi-nos
confirmado por membros de um dos painéis internacionais, que referiram apenas a
ter tido acesso e discutido o financiamento das candidaturas que tinham obtido
uma classificação superior a determinado valor na primeira fase de avaliação.
Foram assim violados os números 7.4, 7.5 e 7.6 do Aviso de Abertura do
concurso, que garantiam que a avaliação seria feita numa única fase, pelos
membros de um painel internacional cujos nomes seriam publicados no site
internet da FCT.
6. Comunicação de resultados. Consideramos grave e revelador de falta de
respeito pelos candidatos a forma precipitada e gravemente omissa com que a FCT
comunicou os resultados no dia 26 de Novembro. Os candidatos foram informados
sobre a sua admissibilidade ao concurso na manhã do dia 26 de Novembro. Na
tarde desse mesmo dia, a FCT começou a informar os candidatos sobre o
financiamento ou exclusão das suas candidaturas, mas só disponibilizou os
relatórios de avaliação das candidaturas duas semanas mais tarde. Consideramos este
atraso, que foi justificado pela FCT como sendo devido a “problemas
informáticos”, inaceitável, e mostra uma inépcia dos serviços deste organismo
que é incompatível com a missão que lhe está cometida.
A lista de candidaturas
financiadas inicialmente publicada no dia 10 de Dezembro continha 204 nomes. No
entanto, uns dias mais tarde, esta lista foi aumentada para 210 nomes sem que
para isso tenha sido fornecida qualquer justificação. A FCT indicou entretanto
que este acerto se deveu a um erro na introdução das classificações por parte
de um dos painéis de avaliação.
7. Critérios de elegibilidade não cumpridos. Os critérios de elegibilidade dos candidatos a
Investigador FCT 2013 não foram cumpridos em vários casos. Verificam-se também
situações menos claras que, de um ponto de vista ético e moral, levantam sérias
questões quanto à decisão de financiamento de certas candidaturas:
a.
Vários professores do ensino superior com contratos a termo indeterminado viram
as suas candidaturas financiadas neste concurso, ao arrepio do ponto 4.4 do
aviso de abertura, que dizia claramente que estes não eram elegíveis. Numa
altura em que tantos investigadores previamente financiados pelo programa
Ciência por 5 anos, se veem agora, no final do período das suas bolsas, sem alternativas
para poderem continuar o seu trabalho, consideramos inadmissível que se tenham
financiado candidaturas a pessoas que tinham já contratos a tempo
indeterminado.
b.
Verificam-se situações de candidatos aprovados que não cumpriam o requisito de terem
o doutoramento concluído há mais de três anos (Ponto 4.1.a do Aviso de
Abertura).
c.
Um Professor Universitário, que terminou o seu doutoramento em 1974 e presidiu
a um dos painéis internacionais de avaliação no concurso Investigador FCT 2012,
foi candidato no presente concurso e viu a sua candidatura financiada.
Consideramos que situações como esta em que se permite a um Professor
Universitário em final de carreira concorrer com investigadores em situações
precárias, em muitos casos dramáticas, constituem no mínimo uma falta de
respeito a toda a comunidade científica em Portugal.
d.
Dado o reduzido número de candidaturas financiadas, os critérios de
elegibilidade deste tipo de concursos não deveriam permitir a candidatura de
investigadores em início de projectos semelhantes. Verificam-se casos de
investigadores que viram as suas candidaturas financiadas no concurso
Investigador FCT 2012 e apenas uns meses depois de iniciarem os seus projectos
obtém agora um novo contrato num nível superior, que para ser efectivo, cancela
o anterior. Assim, na prática, candidatos que tinham previamente assegurado
financiamento por 4-5 anos, são de novo escolhidos em detrimento de outros que
estariam em situações de maior precariedade.
A FCT indicou na reunião de 17 de Dezembro que as
situações de inelegibilidade iriam ser verificadas. O facto de a elegibilidade
dos candidatos apenas ser verificada agora, no final de todo o processo, e não
logo depois do encerramento do período de candidaturas, é sintomático do modo
como decorreu este concurso.
8. Assinatura de contratos entre a FCT e as
instituições de acolhimento. A
FCT procedeu à assinatura dos contratos com as instituições de acolhimento dos
candidatos selecionados uma semana depois da divulgação dos resultados, numa
altura em que os candidatos não tinham ainda conhecimento dos relatórios de
avaliação das suas candidaturas, e não tinha decorrido ainda o prazo para a
requisição do procedimento de audiência prévia. De uma forma atabalhoada,
indiciadora do desconhecimento dos próprios regulamentos que criou, ou
violando-os deliberadamente, a FCT procedia ao encerramento do processo
concursal, de acordo com o disposto no artigo 17º do Regulamento, que diz que
“o procedimento concursal cessa com a celebração do contrato-programa entre a
FCT, I. P., e a instituição de acolhimento”.
9. Relatórios de avaliação. Uma análise dos relatórios de avaliação de muitos
candidatos que foram entretanto tornados públicos no site internet da
plataforma, mostra a disparidade de critérios de avaliação, e várias situações
estranhas que passamos a enumerar:
a. Muitas
candidaturas tiveram apenas dois avaliadores externos, enquanto outras tiveram
quatro, tendo a maioria tido três. A variação arbitrária observada no número de
avaliadores de cada candidatura cria obviamente situações de desigualdade na
sua avaliação.
b. Os
relatórios de avaliação a que os candidatos tiveram acesso variam enormemente
na sua forma, extensão e conteúdo. Enquanto nalguns casos é feita uma análise
mais ou menos detalhada da candidatura e é dada uma justificação da
classificação atribuída, noutros casos o relatório de avaliação contém apenas
um texto genérico, curto, sem qualquer detalhe relativamente às classificações
dos avaliadores, nomeadamente a nível científico, que poderia ser de facto
aplicado a qualquer candidatura, de qualquer área científica.
c. Em
vários casos, os avaliadores demonstram desconhecer as regras do concurso. Por
exemplo, numa das avaliações disponibilizadas um avaliador diz que o projecto
proposto é demasiado extenso para ser completado no prazo de 3 anos, quando a
duração dos projectos Investigador FCT é de 5 anos. Noutro caso, uma candidata
foi induzida em erro, ao ser informada pela FCT que, tendo concluído o
doutoramento há 8 anos e 4 meses, poderia concorrer ao nível Starting Grant. No
dia 26 de Novembro de manhã recebeu o email da FCT a informá-la de que a sua
candidatura tinha sido considerada não elegível para uma Starting Grant por ter
concluído o doutoramento há 8 anos e 4 meses. Não obstante, no dia 6 de
Dezembro recebeu a sua avaliação, em que a média das notas atribuídas pelo
painel internacional era 7, mas com classificação final de 6. Este é mais um
caso que suscita sérias dúvidas acerca da seriedade com que este concurso
decorreu.
d.
Em numerosos casos, os avaliadores demonstram nos seus relatórios não serem
competentes para avaliar certas candidaturas que estão fora da sua área
científica. Por exemplo, há casos em que os avaliadores sugerem metodologias
que não se aplicam de todo à área científica da candidatura, ou em que o texto
de avaliação disponibilizado pelo avaliador demonstra um total desconhecimento
da área do projecto e uma total incompreensão do que o candidato propunha.
Noutros casos, os avaliadores limitaram-se a relatar ou mesmo copiar o resumo
escrito pelo candidato sem qualquer sentido crítico.
e.
Verificam-se numerosos casos em que as classificações dadas pelos “avaliadores
externos” apresentam grande disparidade. Como exemplos desta situação,
relatamos os casos de dois candidatos: um obteve dos avaliadores externos as
notas de 7.8, 7.6 e 4.1, e outro, 7.5, 1.5 e 2. É para nós óbvio que houve
nestes casos um problema nas avaliações. A FCT indicou na reunião de dia 17 de
Dezembro com a Comissão representativa da Plataforma, que apenas os candidatos que
tinham obtido uma classificação média acima de 6.5 dada pelos avaliadores
externos, ou os candidatos cujas avaliações diferiam mais de dois valores entre
si, foram avaliados pelo Painel Internacional.
O número reduzido de candidaturas (369) financiadas nos dois
concursos Investigador FCT (2012 e 2013) conduzem a uma situação de
precariedade e de frustração das expectativas criadas pelo programa Ciência,
ignorando o contributo significativo que este último trouxe ao desenvolvimento
da investigação científica em Portugal. O reduzido número de candidaturas
financiadas no último concurso (210) face ao elevado número de concorrentes
(1487) terá levado a que numerosos projectos de alta qualidade não tivessem
sido financiados. O resultado será não só o desemprego maciço entre os
investigadores em Portugal, que começam a não ter outra alternativa senão
emigrar ou voltar para o seu País de origem, mas também a uma dramática perda em
termos do salto qualitativo que o País poderia estar a empreender. O regresso
de muitos investigadores que saíram do País para os seus estudos de
doutoramento ou para realizar pós-doutoramentos financiados pelo Estado
Português fica assim também comprometido, ou seja, foi feito um investimento
sem retorno.
Juntamente com a anunciada
redução do número de bolsas a atribuir para doutoramento e pós-doutoramento no
concurso a decorrer actualmente, a situação precária de numerosos
investigadores constitui um dos problemas maiores que hoje se abatem sobre o
futuro da produção científica no nosso País. Em grande medida esta situação é
indissociável da estratégia de obscuridade e de injustiça que afectou o
concurso Investigador FCT 2013.
Documento preparado pela
Comissão Representativa da Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego
Científico em Portugal
Contacto: emprego.cientifico@gmail.com
Actualizado a 24
de Dezembro de 2013
Caros colegas,
ResponderEliminarNão me vou identificar por um motivo simples. Fui seleccionada para financiamento e já recebi duas mensagens a sugerir que sou corrupta, que quem me avaliou é corrupto e não estou para me sujeitar a ser desonrada, quando tudo o que fiz foi apresentar uma candidatura.
Este argumentário que tem vindo a ser desenvolvido rasa o inaceitável, porque mistura dois planos numa lógica argumentativa que em nada contribui para a dignidade dos investigadores.
Por um lado, contesta-se a baixíssima selecção que houve neste concurso e os problemas associados ao emprego científico, dos quais ninguém razoável pode discordar.
Por outro lado, levanta-se uma nuvem de dúvidas em torno do concurso, sugerindo-se que houve corrupção, pondo em causa a seriedade de toda a classe científica que interveio no processo. Divide-se para se reinar na esperança de que os que ganharam percam e os que perderam tenham uma nova oportunidade de vir a ganhar.
Permitam-me comentar ponto por ponto:
1. A selecção foi feita pelo painel internacional e não pelos reviewers, conforme estava no guião de avaliação disponível quando nos candidatámos. O procedimento é igual a todos os processos de avaliação com peer review.
2. Lançam-se suspeições graves sobre toda a comunidade científica nacional, sugerindo-se que se move por violações de conflitos de interesses e por rivalidades. A comissão quer trabalhar numa comunidade científica que não é séria. Quando nos candidatámos a bolsas de postdoc e doc, tínhamos painéis apenas nacionais mas não houve problema porque fomos seleccionados.
3. A má avaliação é matéria de impugnação. O que se defende aqui é absurdo. Para cada um dos nosso tópicos, é preciso haver três peritos internacionais? Então se eu trabalho sobre um gene específico, tenho de ter três que conheçam a fundo a matéria ou espero ter reviewers com conhecimento da área? Se sentir que fui mal avaliada tenho oportunidade de fundamentar a má avaliação.
4. Eu fiquei contente por tudo ter sido breve. Este ponto simplesmente usa a rapidez do processo para novamente levantar suspeições.
5. Este ponto está em contradição com tudo o resto. Como pode a FCT divulgar a lista dos não admitidos se ainda está a decorrer a audiência prévia?
6. Fazer contrato com os que foram seleccionados não significa excluir definitivamente os outros. Eu ainda não tenho o meu contrato feito com o meu Instituto.
7. De acordo.
8. Este comentário é simplesmente xenófobo.
9. O facto das notas finais não serem a média dos reviewers contradiz este ponto.
10. Conheço um caso no meu instituto que foi explicado como tendo sido um erro na formação da lista. Estava no contrato, mas não na lista. De novo simplesmente levantam suspeitas.
11. Contestem as más avaliações, mas não contra os que fomos seleccionados.
Está em curso a maior quebra de solidariedade entre investigadores. O problema do emprego científico é grave e sério e a batalha não será ganha num mundo de suspeição em que se aponta o fogo aos que ganhámos os lugares. É vergonhoso o que está a ser feito. O concurso deve ser questionado nos aspectos menos bons, mas a suspeição como argumento é lesivo para todos.
Creio que ninguém está contra os que ganharam, por terem ganho as posições. Mas Portugal é um país pequeno e todos acabamos por nos conhecer. Não deixa de ser um facto que muitos dos que não ganharam posições apresentam muito melhores CVs do que outros que foram financiados, dando ideia da alguma aleatoriedade e leviandade de muitas das avaliações (não querendo com isso dizer que os candidatos selecionados tivessem qualquer papel na avaliação). Basicamente, para muitos, terá sido uma questão de sorte...
EliminarCara colega, muito obrigada pelo seu comentário. subscrevo a sua posição geral e reforço a preocupação que expressa face ao futuro da ciência em Portugal. Não iremos longe se continuarmos a insistir numa direcção que mais não faz do que colocar investigadores contra investigadores.
EliminarQuero apenas (e pelo menos para já) comentar isto: "2. Lançam-se suspeições graves sobre toda a comunidade científica nacional, sugerindo-se que se move por violações de conflitos de interesses e por rivalidades. A comissão quer trabalhar numa comunidade científica que não é séria. Quando nos candidatámos a bolsas de postdoc e doc, tínhamos painéis apenas nacionais mas não houve problema porque fomos seleccionados." -- Isto é um "não argumento". A lei diz que temos direito a saber quem são os avaliadores. Se não nos são fornecido, é um incumprimento da Lei. Logo, poderá haver motivo a impugnação do concurso. Parece-me bastante simples.
ResponderEliminarO processo não está a decorrer da melhor forma desde sempre. A saber:
ResponderEliminar- o estado investiu nos ciência 2007/2008 e nunca avaliou o trabalho dos mesmos, isto é, deveria ter questionado as instituições para saber se queriam manter esses ciência: houve instituições que ficaram com laboratórios sem ninguém..porque foram os ciência que os criaram e estavam a desenvolver trabalho
- quer isto dizer que, além de se abrir as portas a novos cientistas, a FCT deveria ter preservado certos lugares, até porque houve investimento do estado nesses ciência
- esses ciência não fizeram só artigos ISI: criaram equipas, deram aulas, dirigiram centros..
- o concurso 2012 foi flagrante: permitiram que 80 vagas passassem de repente para 160...não é sério abrir um concurso para 80 e de repente..
- esse concurso também permitiu que pessoas com posição permanente concorressem ( e ganhassem) poupando dinheiro às instituições..não resolveu o problema científico..entre outras irregularidades
- este concurso está a dar que falar pelas piores razões: basta dizer que não se teve acesso imediato aos resultados..e outras razões.
Quando esta fundação fala de excelência e obriga os investigadores a estarem "mergulhados" em plataformas de avaliação de unidades, de infraestruturas, de projectos Pest..etc...desde pelo menos Maio de 2013 (este ano, para não falar nos outros anos), não podemos ser excelentes, porque não estamos a investigar...isto passa-se em muitos centros, em que é necessário que todos os membros colaborem nas tarefas burocráticas que a FCT tem exigido.
A ciência não só são ISI! Há todo um trabalho que tem que ser feito e que não pode ser apenas contabilizado por ISI. Há áreas do saber que têm ritmos de publicação e públicos próprios: Não há áreas do saber preferenciais: todos os saberes importam! Esta FCT não tem estes e outros aspectos em conta! Haveria muito a dizer, mas fico-me por aqui!
A Ciência é de todos e.. claro está, dos contribuintes! Esta FCT, iludida pela excelência (mas depois não consegue ter uma plataforma da avaliação de unidades com um botão para "validar" e "lacrar" a tempo e horas, isto é, não fez um excelente trabalho) tem-se esquecido de muitos aspectos fundamentais!
Completamente de acordo.
EliminarGostaria de chamar a atenção para o seguinte, justamente porque Ciência não é só ISI.
ResponderEliminarNo Guião de Avaliação os critérios ponderam em 50% o CV, constituído por 7 subcritérios, em que apenas o primeiro é relativo às publicações; o Projecto e Plano de Carreira também são pontuados (35% e 15% respectivamente).
Esta grelha de avaliação, porventura escolhida por ser considerada mais justa, terá gerado a pontuação dada por cada avaliador externo a cada candidatura, e os colegas que detectam lacunas têm toda a legitimidade para reclamar.
Depois, na fase final temos um "overall rating" dum painel de avaliação que se sobrepõe à pontuação média dos avaliadores externos, mas quais os critérios numéricos que validam esta decisão? No meu entender não poderão ser diferentes dos publicados no Guião de Avaliação e julgo que devemos conhecê-los, de outro modo haverá realmente subjectividade na recomendação/recusa da candidatura para financiamento.
Eu gostaria de saber se os colegas que conseguiram os lugares tiveram acesso às suas avaliações e que tivessem a coragem de as colocar, tal como eu o fiz aqui na plataforma!
ResponderEliminarSe assim o fizerem acabam por esclarecer e deixar claro que não houve irregularidades. parece-me simples....
Não compreendo porque é que eu fui avaliada por 4 avaliadores enquanto a maioria dos meus colegas é avaliada por três e alguns até por apenas dois. Mais, porque é que a média dos 4 avaliadores que é até na minha opinião justificada nada tem a ver com uma classificação final que não tem qualquer justificação?
O painel internacional que supostamente me avaliou e que está disponível no site da FCT nõa tem um único especialista da minha área!
Acham com isto que o concurso foi feito com a miora das legalidades, honestidade e respeito pelos investigadores?
A mim não me parece e isto não é ter qualquer problema com quem ficou com os lugares chama-se cumprir a lei e ser justo!!!!